Anos depois, fui visitar minha avó, que tinha chegado do hospital, e o seu olhar estava tão longe, meu coração gelou, seu coração ainda batia, mas ela não me respondia. Corri, fui na igreja, meu lugar de aconchego, o padre me olhou nos olhos, e contei o que havia acontecido. Ele me levou de volta para a casa da minha avó, e juntos com boa parte da família que estava lá, oramos por ela.
No outro dia, me acordei feliz, fui contar para a minha mãe que eu havia sonhado com ela, que ela estava bem, e antes que eu tinha terminado de contar o sonho, o telefone tocou, era meu primo dizendo que ela tinha acabado de falecer, meu coração gelou novamente, minha pressão subiu, e eu lembrei de tudo que aconteceu na minha primeira perda. Fui para a casa dela. Entrei no quarto dela, todos choravam, e minha maior vontade ainda era gritar o seu nome. Me arrependi de não ter dito no dia anterior, que eu a amava, para ela ter forças, que ela iria sair dessa. Mas, novamente, eu cheguei tarde demais. Meu coração doía. Meu corpo estava cansado. Meus olhos estavam afogados em meio a tantas lágrimas. Não consigo me lembrar de mais nada que aconteceu naquele dia. Eu estava fora de mim. Lembro que aquele foi o único dia, que conseguimos juntar toda a família, quem sabe esse era o maior sonho dela, juntar toda a família, todos os filhos, todos os netos, mas ela não estava lá. Ela se foi.
Depois disso, nada mais faz sentido...
Raissa Barreto
Raissa Barreto