sábado, 11 de maio de 2013

Só um desabafo...

Saudades do tempo que eu brincava de amarelinha na calçada de casa, de quando eu achava que nada iria acabar, que ninguém iria embora. Aí a vida nos mostra que estamos errados, daí vem a nossa primeira perda, todos choram e minha única questão é: Para onde foi o meu avô? A única vontade que tinha era de gritar o seu nome, chamá-lo, mas ele parecia estar em um sono profundo. Depois oramos pela sua alma, todos rezando, e o meu único pedido era: Senhor, trás ele de volta para mim... Mas, já era tarde demais. Ele se foi. Depois fomos no cemitério, aplaudiram, no primeiro punhado de terra que jogaram, meu coração gritou, me segurei. Meus familiares e parentes choraram muito. Voltamos para casa, tudo silêncio, o cheiro de flores ainda prevalecia na sala de casa, corri para o quarto dele, crente que iria encontrá-lo, que tudo aquilo não tinha passado de um sonho. Mas não, não foi um sonho. Foi o pior pesadelo da minha vida, e foi real. Dias se passaram, e a saudade foi aumentando a cada dia. A ficha foi caindo. Comecei a acreditar que "ele se foi mesmo" e que "ele não vai voltar". 
Anos depois, fui visitar minha avó, que tinha chegado do hospital, e o seu olhar estava tão longe, meu coração gelou, seu coração ainda batia, mas ela não me respondia. Corri, fui na igreja, meu lugar de aconchego, o padre me olhou nos olhos, e contei o que havia acontecido. Ele me levou de volta para a casa da minha avó, e juntos com boa parte da família que estava lá, oramos por ela. 
No outro dia, me acordei feliz, fui contar para a minha mãe que eu havia sonhado com ela, que ela estava bem, e antes que eu tinha terminado de contar o sonho, o telefone tocou, era meu primo dizendo que ela tinha acabado de falecer, meu coração gelou novamente, minha pressão subiu, e eu lembrei de tudo que aconteceu na minha primeira perda. Fui para a casa dela. Entrei no quarto dela, todos choravam, e minha maior vontade ainda era gritar o seu nome. Me arrependi de não ter dito no dia anterior, que eu a amava, para ela ter forças, que ela iria sair dessa. Mas, novamente, eu cheguei tarde demais. Meu coração doía. Meu corpo estava cansado. Meus olhos estavam afogados em meio a tantas lágrimas. Não consigo me lembrar de mais nada que aconteceu naquele dia. Eu estava fora de mim. Lembro que aquele foi o único dia, que conseguimos juntar toda a família, quem sabe esse era o maior sonho dela, juntar toda a família, todos os filhos, todos os netos, mas ela não estava lá. Ela se foi.
Depois disso, nada mais faz sentido...

Raissa Barreto